Lucas Bambozzi – 25/09/2013

(Conteúdo ainda em processo!)

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Comunicação – ECO
Comunicação Social – 1º período (2013.2) – EC1
Comunicação e Artes – Prof° André Parente

Grupo:

  • Andrei Lamberg
  • Herbert Alves
  • Jéssica Silvano
  • Luiza Medeiros
Lucas Bambozzi

Lucas Bambozzi

Lucas Bambozzi da Silveira é um artista multimídia e pesquisador em novos meios. Nasceu em Matão, interior de São Paulo, tendo crescido em Belo Horizonte, onde se formou em comunicação social/jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Produz instalações, vídeos, performances audiovisuais e projetos interativos. Seus trabalhos já foram exibidos em mais de 40 países. Através da exploração crítica de novos formatos de mídia independente e de uma pesquisa artística em suportes de imagem em movimento, vem desenvolvendo estudos e trabalhos artísticos sobre a expressividade da linguagem audiovisual, enfatizando os meios eletrônicos e suas repercussões.

Foi um dos fundadores do FórumBHZVídeo (Belo Horizonte), curador de vídeo do MIS, em São Paulo, além de ter participado de projetos especiais do evento Arte Cidade, para o qual foi um dos artistas convidados da terceira edição, em 1997. Em 1996, recebeu a Bolsa Vitae de Artes para desenvolver o projeto Tormentos. Produziu trabalhos inovadores ligados à arte na Internet no Brasil entre 1995 e 1999 na Casa das Rosas. Foi curador e coordenador de eventos como Sónar SP (2004), Life Goes Mobile (Nokia Trends 2004 e 2005) e Motomix 2006, Red Bull House of Art (2009) e Lugar Disssonante (2010), artista residente no CAiiA-STAR Centre/i-DAT (Planetary Collegium), tendo atuado também em eventos como Mídia Tática Brasil (2004), Digitofagia (2005) e Naborda (2012). Concluiu seu MPhil na Universidade de Plymouth na Inglaterra com a tese Public Spaces and Pervasive Systems, a Critical Practice. Em 2010, foi premiado no Ars Eletronica em Linz/Austria com o projeto Mobile Crash e em 2011 seus trabalhos foram exibidos em retrospectiva no Laboratório Arte Alameda, na Cidade do México. Em 2012 participou das exposições Tecnofagia (Instituo Tomie Ohtake, SP) e da Bienal Zero1 (San Jose, EUA). É criador e coordenador do Festival arte.mov – Arte em Mídias Móveis (2006-2012) e do Labmovel. Este segundo, foi desenvolvido para atividades laboratoriais e artísticas em espaços públicos (2012) que recebeu em 2013 menção honrosa no Prixars, do Ars Electronica. É representado pela Galeria Luciana Brito. Atualmente, tem escrito diversos artigos e críticas sobre arte eletrônica e digital em publicações e catálogos no Brasil e no exterior. Leciona disciplinas de criação e críticas em meios eletrônicos na PUC-SP e no Instituto Tomie Ohtake, e é professor na Pós Graduação em Criação de Imagens e Sons em Meios Eletrônicos do SENAC.

Seus trabalhos recentes abordam questões relacionadas ao conceito de espaço informacional e as características singulares de uma arte produzida considerando as “mobilidades e imobilidades do contexto urbano”. Seus vídeos são marcados por imagens instáveis, flutuação temporal, movimentos não-contínuos e pela subjetividade da imagem, causando no espectador, algumas vezes, uma sensação de espera, de espreita, da presença de um outro observador. Outros projetos discutem os conflitos entre o público/privado, intimidade, conteúdo controlado e uma suposta falta de privacidade nas redes), além de, paralelamente, desenvolverem um estudo da expressão humana (tanto no nível documental quanto da reconstituição fictícia, numa tentativa de apreender momentos de alteração, de antecipação, de ruptura e de ambiguidade na modelação da face humana), incluindo uma ênfase nos estados alterados da percepção.

Para Bambozzi (2005), a relação entre arte e tecnologia se dá atualmente de maneira mais intrincada, visto que “ao mesmo tempo em que estamos falando de algo situado no terreno das artes visuais, ao falar de arte e tecnologia hoje estamos falando de cruzamentos em tantas outras áreas do conhecimento que se tornaram pauta de discussões urgentes (nos campos estéticos, éticos, políticos, sociais, culturais, etc). E fica mais e mais complexo na medida em que surgem novas mídias, em que velhos paradigmas são superados, dando lugar a novos conflitos”. Segundo o artista, a tecnologia atualmente molda mais diretamente a nossa cultura.

Outro conceito importante discutido pelo artista é o de “microcinema”:

“O conceito de ‘microcinema’ por exemplo vem adquirindo nuances que se estendem para além das junções entre ‘micro’ e ‘cinema’, presentes na palavra. Trata-se de uma suposta classificação que reflete em narrativas de curtíssima duração, formatos de baixo custo e/ou linguagem compatível com os circuitos atuais, absorvendo o dinamismo de estruturas de exibição que se utilizam tanto da Internet como de espaços que se organizam em torno das facilidades tecnológicas mais recentes. O contexto atual vem propiciando as mais diversas configurações,como os circuitos nômades que se formam através de redes de telefonia, transmissão de dados e arquivos digitais sem fio. A suposta revolução digital criou nova disposição para a fruição de imagens numa ampla gama de resoluções e o espectador cada vez mais se adapta a uma variedade de padrões jamais vista. Questões ligadas à definição e poder especular da imagem cedem lugar à expressividade das interfaces e capacidade de eloqüência, independente dos formatos, imersividade das salas ou duração.” (BAMBOZZI: 2009, pág. 4)

No formato em questão, a alta resolução da imagem não é a preocupação central, demonstrando a relevância das novas configurações de linguagem influenciadas pelos dispositivos de visualização e difusão. Por buscar situações específicas para a sua exibição, a escolha do local e dos meios utilizados para esta exposição influencia no resultado da composição, apontando para o visual, o interativo e, principalmente, o sensorial.

No dia 25/09, a convite do professor André Parente, Lucas participou da exposição Cinemáticos, realizada no auditório do Museu de Arte do Rio. O evento, que contou com a exibição dos seguintes trabalhos: “Love stories”, “Postcards” (1, 2, 4 e 5), “Just here: a place I do not know”, “Life: como o corpo cai”, “I have no words” (vestígios e integral), “Aqui de novo”, “Time shit”, “Deviations, drifts, contours” e “WYSIWYG” (What You See Is What You Guess), mesclou obras de diversas épocas do artista.

No debate que se estabeleceu após a mostra, comentou-se acerca da visão atmosférica sobre os vídeos. A flutuação da imagem, como se esta fosse pós-impressionista, a descontinuidade dos movimentos, a sensação de stop motion em algumas obras (enquanto outras, de fato, produzem esse efeito), a abordagem da figura feminina e a impressão de que perseguimos tais personagens.

Além disso, cabe notar que os curtas, apesar de independentes no que se diz respeito às suas respectivas temáticas, produziram certa noção de unidade ao serem exibidos em sequência. O que se reconhece de semelhante nestas obras é a “vontade de se narrar algo”, mas sem fazer uso da típica narração do cinema.

Durante o diálogo, ao ser questionado sobre sua relação prévia com o cinema experimental, Lucas responde que, por Belo Horizonte não possuir uma produção televisiva própria, nem cinemas, estúdios, ou diretores que se destacassem. O cinema narrativo baseado no romance não era, portanto, uma boa referência. Nesse contexto, o cinema experimental surgiu como uma possibilidade de “brincar” com esta narrativa a partir de um entendimento da fragilidade da imagem e do vídeo, assim como do que poderia ser extraído deles. Foi um “casamento” de oportunidade com possibilidade.

Lucas Bambozzi nunca abandonou uma determinada curiosidade quanto ao uso de vários meios e dispositivos de criação, que estão presentes em todos os seus trabalhos, desde os mais antigos. Todavia, chega o momento em que Lucas se interessa em trilhar não só o circuito do cinema, como também o circuito artístico propriamente dito, referente às artes plásticas. E por mais que a ‘vontade de arte’ seja apontada como um ‘desejo à priori’ do artista, é a partir do circuito que as produções do artista tornam-se viabilizadas.

Bambozzi relembra o Fórum BHZVídeo, realizado em 1991, que surge não só a partir da necessidade de proporcionar o acesso a mais pessoas, como também de garantir a legitimidade do que ele havia fazendo. Retomando o que fora dito durante a leitura de seu currículo, mais especificamente sobre as atividades pioneiras da arte da internet, Lucas explica que, na verdade, o que se tinha era vontade de usar a rede de computadores como uma expansão para o vídeo. Para tanto, foi preciso fazer discutir a internet, fosse através de pessoas que estavam contribuindo com produtos interessantes, fosse a partir criação de eventos ligados à mesma. Nesse contexto surgiu o ART.MOVE, festival ligado à essa emergência de mídias móveis, portáteis e telas pequenas.

Dissertando sobre as suas investidas no cinema, Lucas comenta sobre a facilidade em fazer O Fim do Sem Fim (2001), em parceria com Cao Guimarães e Beto Magalhães. O roteiro estreante do artista, de acordo com o mesmo, era divertido, e foi contemplado com uma importância de R$ 88.000,00 (concedido por um concurso de roteiros estreantes) que possibilitou aos produtores rodarem por 40 cidades de 7 estados, angariando premiações pela maioria dos lugares em que estiveram.

Cartaz do longa "O fim do sem fim" (2001)

Cartaz do longa “O fim do sem fim” (2001)

Ao brincar com o deslumbramento do episódio, Bambozzi diz que, após a produção do filme, ele então percebeu que passara a pertencer à categoria “cineasta”, denominação que o mesmo jamais havia almejado. Fazer esse tipo de vídeo não era, portanto, uma espécie de vitrine para chegar num ‘lugar mais nobre’. Era querer fazer o vídeo pelo próprio vídeo, era querer se apossar daquele determinado tipo de linguagem.

“Eu jamais pretendi me chamar cineasta. Eu fazia questão de falar: eu sou é videomaker! Eu sou é artista!” (BAMBOZZI, Lucas).

Ainda que a produção dos seus dois primeiros longas (“O Fim do Sem fim” e “Do outro lado do rio”) tenha sido fácil de ser concebida, Lucas comenta que, na atualidade, realizar longas é bem mais complicado, dada à burocratização imposta pela Ancine (Agência Nacional do Cinema).

Cena do filme "Do outro lado do rio" (2004).

Cena do filme “Do outro lado do rio” (2004)

Referências bibliográficas:

http://bambozzi.files.wordpress.com/2009/12/microcinema-versao-foto.pdf

http://www.lucasbambozzi.net/about-2

http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/tiki-index.php?page=Lucas+Bambozzi


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